Grande
entrevista séka
peli:
Fernando Varela.
Dados
pessoais:
Nome
Completo:
Fernando Lopes dos Santos Varela
Data
de Nascimento:
1987-11-26
Clube:
Steaua Bucaresti (Roménia)
Nacionalidade:
Cabo Verde e Portugal
Fernando
Varela é considerado, por muitos, o melhor central de Cabo Verde da
atualidade. Um dos maiores talentos que já representou a seleção
nacional de futebol.
Dono
de um vigor físico invejável sempre marcando agressivamente e forte
em seus oponentes, Varela domina uma técnica sem igual que o permite
efetuar com perfeição desarmes, dribles e lançamentos precisos.
Após a participação
no Campeonato Africano das Naçoes 2013 que o próprio considera de
“inesquecível”
e uma eliminação dos play-offs de acesso ao mundial 2014 que deixou
marcas aos adeptos cabo-verdianos, Fernando Varela concedeu uma
entrevista ao Seka
Peli,
onde ele aborda os diferentes temas da sua carreira e não só.
Confira os melhores momentos…
“…sem
família tudo se torna mais difícil.”
- Podemos dizer que a tua carreira foi sendo construída de baixo para cima. Estoril, Trofense, Feirense, Vaslui e agora Steaua Bucuresti. O que é que tens a dizer sobre isso?
R:
Muito
trabalho, muita paciência e sobre tudo nunca desistir. Este era o
meu sonho, ser jogador de futebol, por isso tenho sempre subido na
minha carreira.
- De todos os clubes mencionados, onde te sentiste melhor? Onde sentiste que realizaste a melhor temporada?
R:
Nos
três primeiros clubes mencionados sentia-me em casa, mas a minha
melhor época foi no Vaslui. Porque foi onde aprendi a ser
profissional em termos de alimentação e a ter cuidado com o peso.
Em Portugal andava sempre além do peso e influenciava o meu jogo.
- Depois de alguns meses no Vaslui segue-se uma etapa no Steaua. Esta proposta veio mesmo na boa altura? E porquê?
R:
Sim.
O Steaua é
um clube grande na Roménia e todos os anos luta para ser campeão.
Não esperava ser transferido. O meu empresário me ligou a dizer:
“olha tenho uma proposta do Steaua”. Não pensei duas vezes e
disse logo que sim. Já não aguentava estar em Vaslui. É uma zona
da Roménia que não tem nada, passava a maior parte do tempo em
casa. Quando não estava em casa, estava em estágio e não dava para
levar a família comigo e sem família tudo se torna mais difícil.
- É verdade que fizeste parte dos juniores do Sporting Clube de Portugal? Se sim, conta-nos a tua experiência?
R:
Não fiz parte dos juniores do Sporting, mas sim tive 6 meses a
experiência. E passado 6 meses, eles me disseram que não podia
ficar porque tinham muitos centrais, que na altura eram Paulo Renato,
Miguel Veloso, Jorge Teixeira, Daniel Carriço… e me deram a
escolher entre o Nacional e o Estoril e eu preferi o Estoril.
- Qual a duração do vínculo assinado com o Steaua?
R:
Assinei
por 4 anos com o Steaua.
- Tens o sonho de jogar num clube de topo a nivel mundial? Ou um campeonato que consideras ser especial?
R:
Sonho um dia jogar no Real Madrid. Um campeonato que considero
especial? Sem duvidas o campeonato inglês,
a Premier League.
Do
sucesso no CAN a triste eliminação ao play-offs do Brasil 2014
“Depois
do jogo da Tunísia terminar tínhamos a certeza que íamos ao
mundial.”
- Como descreves a participação dos Tubarões Azuis no CAN na Africa do Sul? Como era o ambiente no balneário? E como era encarado cada jogo?
R:
Foi uma participação inesquecível. Depois de percorrer meio mundo
atrás de meios financeiros e de todas as dificuldades que passamos
até chegar a África do Sul (uma semana de iniciar o CAN) e jogar
frente a África do Sul no jogo de abertura perante 90 mil
espectadores, estar por cima do jogo durante os noventa minutos,
enfrentar o Marrocos onde fomos superiores mais uma vez, apanhar a
Angola no ultimo jogo e voltar a ser superior e por fim ser eliminado
pelo árbitro acho que só podia ser inesquecível.
O
ambiente era de tranquilidade, respeito e muita brincadeira. O fato
de estarmos lá já era um feito importante, encarávamos os jogos
com o maior orgulho em representar Cabo Verde. Estávamos lá para
que o mundo conhecesse Cabo Verde e os seus jogadores. Por isso os
resultados foram bons.
- Descreve-nos aquele jogo frenético frente a Angola. O que é que o mister Lúcio Antunes vos disse ao intervalo?
R:
Se alguém dissesse antes do CAN,
que íamos estar a noventa minutos de nos classificarmos a fase
seguinte no jogo
frente a Angola, diriam que era mentira. Não entramos muito bem no
jogo, mas aos poucos começamos a fazer o nosso jogo e a criar
oportunidades de golo. Eles marcaram primeiro. Porém, não houve
nenhum jogador que entrou em pânico. Depois de marcarem, continuamos
tranquilamente. Veio o intervalo e o mister não disse nada de mais,
só para continuarmos a fazer o nosso jogo. Ele sabia que tinha de
pôr jogadores de ataque porque estávamos por cima do jogo. A medida
que o jogo caminhava para o fim virávamos uns para os outros e
dizíamos “vamos ganhar”. O tempo passava e ainda estávamos a
perder. Eu olhava para o Marco e ele dizia: “vamos ganhar”. O
Nando e os avançados diziam a mesma coisa “vamos marcar e ganhar”.
E num curto espaço de tempo marcamos dois golos. Ou seja, só com um
espírito de união muito grande é que ganhamos esse jogo.
- Após a vitória frente a Tunísia, no balneário quais foram os vossos comentários? O que é que vos passou pela cabeça sabendo que estavam a apenas dois (2) jogos de participarem num mundial a realizar-se no país do futebol, Brasil?
R:
Depois do jogo da Tunísia terminar tínhamos a certeza que íamos ao
mundial. Porque ir a Tunísia precisando da vitória, chegar lá,
ganhar e ainda por cima estar os noventa minutos em cima deles…
acho que já não havia como não estarmos no mundial. No autocarro
comentávamos que antes víamos o mundial pela televisão e que
apoiávamos o Senegal, os Camarões, o Portugal e estar a dois jogos
da classificação tinha que ser os jogos das nossas vidas. Não
havia como perder. A confiança uns nos outros era total e estávamos
no pico da forma.
- Como foram os primeiros cinco (5) minutos após saberes que Cabo Verde tinha sido afastado dos play-offs de acesso ao mundial 2014?
R:
Os 5 minutos após o afastamento dos play-offs foram de “não
acredito”, “isso é mentira”. Isto porque fiquei da noticia
saber pelo Bruno da Moura.
- Muitos dos seus seguidores são cabo verdianos. Há alguma mensagem que gostarias de deixar para eles?
R:
Dizer
um muito obrigado pelo apoio que me dão e pelas mensagens que me
enviam a dar força. Não tenho como agradecer, porque todo
agradecimento é pouco e que continuem a apoiar Cabo Verde como tem
apoiado. Muito do nosso sucesso devemos ao povo cabo-verdiano.
Ping-pong:
perguntas de respostas rápidas.
“O
Nando contribuiu bastante para o meu crescimento (…)e se tenho vindo
a subir muito devo ao Nando.
- Será que podemos esperar um dia ver o Fernando Varela a jogar numa equipa cabo-verdiana?
R:
Porque
não? Se algum dia houver interesse estou desposto a ouvir.
- Quem consideras ser o teu ídolo?
R:
Não
tenho ídolo, mas sim jogadores com os quais simpatizo. Como por
exemplo: Cristiano Ronaldo, David Luiz, Ronaldinho Gaúcho, Leonel
Messi…
- Qual foi a sensação de vestir pela primeira vez a camisola dos Tubarões Azuis?
R:
Orgulho,
satisfação e um enorme prazer.
- O que é que passa pela cabeça de um jogador ao ouvir o hino da Uefa Champions League?
R:
A
mim só me apetecia chorar de alegria.
- Até o momento, quem foi o adversário que mais trabalho lhe deu?
R:
Todos,
não tenho nenhum nome em específico.
- Nando/ Fernando Varela ou Fernando Varela/ Paolo Maldini?
R:
Nando
/Varela. O Nando contribui bastante para o meu crescimento. Ele me
deu muito e se tenho vindo a subir muito devo ao Nando. Foram 5 ou 6
anos a fazer dupla com ele.
Nilton
Ravier Cesare: Obrigado
pela conversa e que a tua caminhada continue sendo construída na
base de sucessos. Obrigado pelo empenho e pela disponibilidade.
Fernando
Varela:
Queria
aproveitar para agradecer a entrevista. É sempre um enorme prazer
poder falar para imprensa cabo-verdiana. Gostava que todos os
desportistas cabo-verdianos dessem mais entrevista e que aparecessem
mais blogs como este, que muito tem dado ao desporto cabo-verdiano,
sobretudo tem permitido ao povo cabo-verdiano o maior conhecimento
dos atletas nacionais. Um abraço e sucessos para o blog Seka Peli.
Por:
Nilton Ravier Cesare
0 comentários:
Enviar um comentário