EPIF Uma fábrica de talentos, formando valores querendo como uma única contrapartida ser reconhecida
EPIF: o
nascimento e os objetivos
A formação do
jovem futebolista é um trabalho que não se abrange unicamente aos
conhecimentos sobre metodologia de treino, mas também na necessária
aplicação dos mesmos com base nos princípios pedagógicos,
comunicando e motivando os praticantes.
Mais do que treinar,
é primordial educar, uma vez que os jovens praticantes têm muitas
solicitações e desde cedo são “obrigados” a optar, entre jogar
ou sair com amigos, entre estar com a família ou treinar. Dessa
forma, torna-se essencial o acompanhamento dos mesmos em todas as
vertentes da sua vida.
Fundada em 1991, a
Escola de Preparação Integral de Futebol, EPIF, que
nos
últimos tempos passou a ser Fundação EPIF, tem como objetivo
primordial o desenvolvimento do desporto, da sua prática e do seu
emprego como ferramenta de equilíbrio social, a proteção de
menores em Cabo Verde sem esquecer da sua preparação para uma vida
digna, bem como a igualdade de géneros.
Durante estes 23
anos, a EPIF, sob o comando do José Maria Lobo “Djedji”, tem
estado a trabalhar ao serviço do país, e esta instituição tem
feito muito no plano social. Enquadrando crianças em todas as
vertentes da educação, no plano da formação pessoal e desta
instituição já saíram grandes jogadores e muitos estão a servir
Cabo Verde. O que faz da EPIF, ser considerada
uma escola de formação de jogadores e valores de referência do
desporto cabo-verdiano.
Criada na Praia, a
EPIF teve ramificações no Fogo, no Sal e em São Vicente, pois a
ideia era ter filiais em todas as ilhas. Porém, com o passar dos
anos passou a funcionar na Cidade da Praia e na ilha de São Vicente.
Importância de
uma escola de formação
Ao longo dos anos
foi criada uma conceção da formação do jovem futebolista que se
sustentou nas várias vertentes da sua vida desportiva, pessoal e
académica. A formação de jovens é, ou pelo menos devia ser, um
tema central de debate da nossa sociedade. Sobretudo porque é mas do
que sabido que, o
sucesso nos escalões de formação é um bom indicador e dá-nos
esperança para o futuro.
Por outras palavras,
investir numa escola de formação é
visar o ensino, o desenvolvimento e a consolidação de um conjunto
de objetivos de carácter específicos, sendo estes desenvolvidos no
absoluto respeito dos princípios gerais e específicos do jogo.
A ideia é
contribuir para a formação dos jovens em todas as suas vertentes,
desenvolvendo ainda o gosto e o hábito pela prática desportiva
regular, criando assim hábitos de vida saudáveis.
A ideia é mostrar
que no
desporto assim como na vida, se deve aprender de forma planificada,
organizada e metódica.
A ideia é ainda,
“exibir” o
desporto em geral e o futebol em particular, nas suas dimensões
técnica, tática e física, assegurando as crianças, um harmonioso
processo de desenvolvimento pessoal e social, que os prepare para uma
vida autónoma e uma cidadania plena.
A ideia deve ser
preparar os jovens atletas, dando-os a oportunidade de pertencer a
uma escola de formação não tendo para isso que se afastar do seu
ambiente familiar.
O sucesso nos
escalões de formação é um bom indicador e dá-nos esperança para
o futuro. No entanto, estes resultados correspondem ao princípio de
um longo caminho. Não se deve formar jogadores para ter sucesso nos
escalões de formação. Se tiverem, melhor, mas a preocupação
principal deverá sempre passar pelo desenvolvimento dos requisitos
necessários para mais tarde, a nível profissional, terem maior
probabilidade de êxito.
Até à presente
ainda é uma miragem e Cabo Verde disputou o CAN sem campeonato nos
escalões de formação a nível nacional. Se repararmos, os nossos
jogadores não têm qualquer currículo, a não ser a passagem pela
escola EPIF ou outras escolas que tem feito o possível para levar
adiante o seu projeto, apesar das dificuldades.
José Maria Lobo
afirma que “em termos de campeonato de formação, nos escalões
sub-15, sub-13 e sub-17 [não existe] nada. Se houvesse esta aposta
nesse sentido, Cabo Verde já estaria há muito na Copa do Mundo.
Agora já fomos ao CAN, a responsabilidade é maior e de que maneira.
Em 1987 já tinha lançado um apelo aos dirigentes do país, tanto
aos governantes como pessoas ligadas ao desporto para necessidade de
se organizar no mínimo um campeonato dos escalões de formação.”
EPIF como uma
fábrica de talentos
A EPIF conta
atualmente com 400 alunos em representação dos escalões sub-6,
sub-8, sub-10, sub-12, sub-14, sub-16, sub-18 e sub-20. Sendo que a
ideia é
trabalhar
com o maior número possível de crianças, fornecendo jogadores a
empresários através de equipas para o plano internacional. Isto é
formando
valores, querendo como única contrapartida ser pelo menos
reconhecida.
A
Escola
de Preparação Integral de Futebol, EPIF
tem reputação internacional. Jogadores como Ryan Mendes, Kuca,
Babanco, Bijou, Stopira, Tigana, Zé Luis, Alex, Gégé,
Platiny, Dário,
Vargas, Calo Iche, Kadu...
são os “produtos” mais conhecidos da cantera do EPIF. Jogadores
que estão hoje a praticar futebol no plano internacional na alta
dimensão e a grande maioria deles fez parte da seleção de Cabo
Verde no CAN 2013 realizado na Africa do Sul.
Segundo
José Maria Lobo a escola tem dado um valioso contributo, também,
para o futebol feminino. Visto que o próprio afirma: “Já
colocamos uma jogadora nossa, a Sheila, que jogou no plano
internacional, no Barcelona (Espanha) sem se falar de desportistas
que jogaram também na alta rota internacional ao serviço de clubes
como Olimpique de Marselha, Nice e Auxerre (França).”
Contudo,
independentemente de ser em masculino ou em feminino, a nível de
clubes ou de seleção, em Cabo Verde ou no estrangeiro é
indiscutível que a EPIF deu e continua a dar um contributo
significativo no futebol cabo-verdiano. Porém Djedji realça que
“Cabo Verde tem um grande potencial no futebol, mas há que ter em
conta que Cabo Verde não vai a lado nenhum sem a assiduidade do
campeonato de formação”.
Nos
finais de 90 e no ano 2000 o campeonato de Santiago Sul teve uma
paragem causada pelos jogadores que entraram no mundo dos vícios
como o uso de álcool e outras práticas que não se harmonizam com o
futebol. Djedji relembra que “tornou-se-lhes difícil o regresso à
competição. Foi preciso recorrer aos jogadores da EPIF e o
campeonato na região Sul de Santiago arrancou com uma grande maioria
de jogadores formados na EPIF. Desde esta data, todas as equipas que
conquistaram o campeonato regional e nacional Sporting da Praia,
Boavista da Praia assim como a Académica e os Travadores tiveram no
minimo 70 por cento dos jogadores formados na EPIF”.
Que contrapartida?
“A EPIF fornece e
continua a fornecer futebolistas a empresários e equipas que
negoceiam jogadores no plano internacional e nunca exigiu uma bola ou
um simples par de meias. Formamos valores,
queremos ser pelo menos reconhecidos” revela Djedji.
Desde
sempre a EPIF apostou nos jovens, iniciando e construindo uma longa
tradição de escola de formação, de tal maneira que hoje sua a
imagem de marca é a excelência dessa formação.
Porém, quando vemos
a EPIF produzindo e continuando a revelar talentos, a ideia que nos
dá é que a escola possui uma certa estrutura e organização. Bom,
na verdade possui. No entanto, como uma qualquer outra escola, a
mesma tem as suas dificuldades.
Recursos
financeiros
Apesar do custo
operacional não ser elevado, não deixa de ser difícil obter um
patrocinador fixo que possa sustentar essa despesa. A cada projeto
que se quer começar é uma nova batalha atrás
de recursos e patrocinadores.
Material de
trabalho
O material utilizado
para a realização do trabalho, que inclui bolas, uniformes de
treino, cones, botas, estacas… são fatores de fundamental
importância na elaboração e realização de um programa de
treinamento em qualquer escola de formação de futebol.
Bolas sem qualidade
ou em quantidade inferior ao necessário; o mesmo com os uniformes de
treino, que em muitos casos são utilizados ano após ano; falta de
cones, estacas e cordas. É a realidade que enfrenta uma escola pela
qual já passaram dos maiores talentos do futebol nacional. Existem
casos de treinos que precisam ser alterados pela falta ou
inexistência de alguns desses itens.
Instalações e
um centro de formação
O alojamento é
outro item que merece um destaque especial. E atualmente a Fundação
EPIF conta um projeto arquitetónico para a construção de um centro
de formação num terreno de 600 mil metros quadrado.
O objetivo desse
centro seria capacitar os jovens atletas da EPIF em diferentes áreas,
tais como a carpintaria, a mecânica, a eletricidade… para além do
futebol. Para que, o projeto seja posto em prática tem de haver quem
esteja disponível a patrocinar.
Por esses e outros
motivos a EPIF carece de quem ajude-a a levar adiante os seus
projetos. Jogadores como Kuca (Desportivo de Chaves) e Carlos Vaz
(Vitoria da Sernache) planeiam arrecadar donativos para
escola. O que para a escola e para os jovens jogadores seria um
estímulo e daria uma certa motivação e vontade de continuar a
praticar o desporto.
Perspetivas para
o futuro
No desporto como em
tudo na vida, a tarefa não se adivinha fácil. É sabido que a fase
mais importante do desenvolvimento de um jogador é a sua formação
inicial, nomeadamente a nível técnico e tático. É aqui que muito
se decide. Uma boa formação de base não garante o sucesso do
jogador a médio-longo prazo, mas uma formação deficiente ou
incompleta é garantia de insucesso.
A única forma de
termos jogadores com qualidade e, principalmente, de forma sustentada
de geração em geração, passa por desenvolver um projeto de
formação sólido, de base e de âmbito nacional. Esse trabalho
passa claramente pelos clubes e pelas escolas de formações.
Resumindo,
as escolas devem ser certificados em função da qualidade do
trabalho realizado ao nível da formação e devem ser dados
incentivos para proporcionar melhores condições aos seus atletas.
Por: Nilton
Ravier Cesare





0 comentários:
Enviar um comentário