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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


EPIF Uma fábrica de talentos, formando valores querendo como uma única contrapartida ser reconhecida

EPIF: o nascimento e os objetivos




A formação do jovem futebolista é um trabalho que não se abrange unicamente aos conhecimentos sobre metodologia de treino, mas também na necessária aplicação dos mesmos com base nos princípios pedagógicos, comunicando e motivando os praticantes.

Mais do que treinar, é primordial educar, uma vez que os jovens praticantes têm muitas solicitações e desde cedo são “obrigados” a optar, entre jogar ou sair com amigos, entre estar com a família ou treinar. Dessa forma, torna-se essencial o acompanhamento dos mesmos em todas as vertentes da sua vida.

Fundada em 1991, a Escola de Preparação Integral de Futebol, EPIF, que nos últimos tempos passou a ser Fundação EPIF, tem como objetivo primordial o desenvolvimento do desporto, da sua prática e do seu emprego como ferramenta de equilíbrio social, a proteção de menores em Cabo Verde sem esquecer da sua preparação para uma vida digna, bem como a igualdade de géneros.

Durante estes 23 anos, a EPIF, sob o comando do José Maria Lobo “Djedji”, tem estado a trabalhar ao serviço do país, e esta instituição tem feito muito no plano social. Enquadrando crianças em todas as vertentes da educação, no plano da formação pessoal e desta instituição já saíram grandes jogadores e muitos estão a servir Cabo Verde. O que faz da EPIF, ser considerada uma escola de formação de jogadores e valores de referência do desporto cabo-verdiano.

Criada na Praia, a EPIF teve ramificações no Fogo, no Sal e em São Vicente, pois a ideia era ter filiais em todas as ilhas. Porém, com o passar dos anos passou a funcionar na Cidade da Praia e na ilha de São Vicente.

Importância de uma escola de formação




Ao longo dos anos foi criada uma conceção da formação do jovem futebolista que se sustentou nas várias vertentes da sua vida desportiva, pessoal e académica. A formação de jovens é, ou pelo menos devia ser, um tema central de debate da nossa sociedade. Sobretudo porque é mas do que sabido que, o sucesso nos escalões de formação é um bom indicador e dá-nos esperança para o futuro.

Por outras palavras, investir numa escola de formação é visar o ensino, o desenvolvimento e a consolidação de um conjunto de objetivos de carácter específicos, sendo estes desenvolvidos no absoluto respeito dos princípios gerais e específicos do jogo.

A ideia é contribuir para a formação dos jovens em todas as suas vertentes, desenvolvendo ainda o gosto e o hábito pela prática desportiva regular, criando assim hábitos de vida saudáveis.

A ideia é mostrar que no desporto assim como na vida, se deve aprender de forma planificada, organizada e metódica.

A ideia é ainda, “exibir” o desporto em geral e o futebol em particular, nas suas dimensões técnica, tática e física, assegurando as crianças, um harmonioso processo de desenvolvimento pessoal e social, que os prepare para uma vida autónoma e uma cidadania plena.

A ideia deve ser preparar os jovens atletas, dando-os a oportunidade de pertencer a uma escola de formação não tendo para isso que se afastar do seu ambiente familiar.
O sucesso nos escalões de formação é um bom indicador e dá-nos esperança para o futuro. No entanto, estes resultados correspondem ao princípio de um longo caminho. Não se deve formar jogadores para ter sucesso nos escalões de formação. Se tiverem, melhor, mas a preocupação principal deverá sempre passar pelo desenvolvimento dos requisitos necessários para mais tarde, a nível profissional, terem maior probabilidade de êxito.

Até à presente ainda é uma miragem e Cabo Verde disputou o CAN sem campeonato nos escalões de formação a nível nacional. Se repararmos, os nossos jogadores não têm qualquer currículo, a não ser a passagem pela escola EPIF ou outras escolas que tem feito o possível para levar adiante o seu projeto, apesar das dificuldades.

José Maria Lobo afirma que “em termos de campeonato de formação, nos escalões sub-15, sub-13 e sub-17 [não existe] nada. Se houvesse esta aposta nesse sentido, Cabo Verde já estaria há muito na Copa do Mundo. Agora já fomos ao CAN, a responsabilidade é maior e de que maneira. Em 1987 já tinha lançado um apelo aos dirigentes do país, tanto aos governantes como pessoas ligadas ao desporto para necessidade de se organizar no mínimo um campeonato dos escalões de formação.”

EPIF como uma fábrica de talentos


A EPIF conta atualmente com 400 alunos em representação dos escalões sub-6, sub-8, sub-10, sub-12, sub-14, sub-16, sub-18 e sub-20. Sendo que a ideia é trabalhar com o maior número possível de crianças, fornecendo jogadores a empresários através de equipas para o plano internacional. Isto é formando valores, querendo como única contrapartida ser pelo menos reconhecida.

A Escola de Preparação Integral de Futebol, EPIF tem reputação internacional. Jogadores como Ryan Mendes, Kuca, Babanco, Bijou, Stopira, Tigana, Zé Luis, Alex, Gégé, Platiny, Dário, Vargas, Calo Iche, Kadu... são os “produtos” mais conhecidos da cantera do EPIF. Jogadores que estão hoje a praticar futebol no plano internacional na alta dimensão e a grande maioria deles fez parte da seleção de Cabo Verde no CAN 2013 realizado na Africa do Sul.

Segundo José Maria Lobo a escola tem dado um valioso contributo, também, para o futebol feminino. Visto que o próprio afirma: “Já colocamos uma jogadora nossa, a Sheila, que jogou no plano internacional, no Barcelona (Espanha) sem se falar de desportistas que jogaram também na alta rota internacional ao serviço de clubes como Olimpique de Marselha, Nice e Auxerre (França).”


Contudo, independentemente de ser em masculino ou em feminino, a nível de clubes ou de seleção, em Cabo Verde ou no estrangeiro é indiscutível que a EPIF deu e continua a dar um contributo significativo no futebol cabo-verdiano. Porém Djedji realça que “Cabo Verde tem um grande potencial no futebol, mas há que ter em conta que Cabo Verde não vai a lado nenhum sem a assiduidade do campeonato de formação”.

Nos finais de 90 e no ano 2000 o campeonato de Santiago Sul teve uma paragem causada pelos jogadores que entraram no mundo dos vícios como o uso de álcool e outras práticas que não se harmonizam com o futebol. Djedji relembra que “tornou-se-lhes difícil o regresso à competição. Foi preciso recorrer aos jogadores da EPIF e o campeonato na região Sul de Santiago arrancou com uma grande maioria de jogadores formados na EPIF. Desde esta data, todas as equipas que conquistaram o campeonato regional e nacional Sporting da Praia, Boavista da Praia assim como a Académica e os Travadores tiveram no minimo 70 por cento dos jogadores formados na EPIF”.

Que contrapartida?

“A EPIF fornece e continua a fornecer futebolistas a empresários e equipas que negoceiam jogadores no plano internacional e nunca exigiu uma bola ou um simples par de meias. Formamos valores, queremos ser pelo menos reconhecidos” revela Djedji.

Desde sempre a EPIF apostou nos jovens, iniciando e construindo uma longa tradição de escola de formação, de tal maneira que hoje sua a imagem de marca é a excelência dessa formação.

Porém, quando vemos a EPIF produzindo e continuando a revelar talentos, a ideia que nos dá é que a escola possui uma certa estrutura e organização. Bom, na verdade possui. No entanto, como uma qualquer outra escola, a mesma tem as suas dificuldades.

Recursos financeiros

Apesar do custo operacional não ser elevado, não deixa de ser difícil obter um patrocinador fixo que possa sustentar essa despesa. A cada projeto que se quer começar é uma nova batalha atrás de recursos e patrocinadores.

Material de trabalho


O material utilizado para a realização do trabalho, que inclui bolas, uniformes de treino, cones, botas, estacas… são fatores de fundamental importância na elaboração e realização de um programa de treinamento em qualquer escola de formação de futebol.

Bolas sem qualidade ou em quantidade inferior ao necessário; o mesmo com os uniformes de treino, que em muitos casos são utilizados ano após ano; falta de cones, estacas e cordas. É a realidade que enfrenta uma escola pela qual já passaram dos maiores talentos do futebol nacional. Existem casos de treinos que precisam ser alterados pela falta ou inexistência de alguns desses itens.
Instalações e um centro de formação

O alojamento é outro item que merece um destaque especial. E atualmente a Fundação EPIF conta um projeto arquitetónico para a construção de um centro de formação num terreno de 600 mil metros quadrado.

O objetivo desse centro seria capacitar os jovens atletas da EPIF em diferentes áreas, tais como a carpintaria, a mecânica, a eletricidade… para além do futebol. Para que, o projeto seja posto em prática tem de haver quem esteja disponível a patrocinar.

Por esses e outros motivos a EPIF carece de quem ajude-a a levar adiante os seus projetos. Jogadores como Kuca (Desportivo de Chaves) e Carlos Vaz (Vitoria da Sernache) planeiam arrecadar donativos para escola. O que para a escola e para os jovens jogadores seria um estímulo e daria uma certa motivação e vontade de continuar a praticar o desporto.

Perspetivas para o futuro


No desporto como em tudo na vida, a tarefa não se adivinha fácil. É sabido que a fase mais importante do desenvolvimento de um jogador é a sua formação inicial, nomeadamente a nível técnico e tático. É aqui que muito se decide. Uma boa formação de base não garante o sucesso do jogador a médio-longo prazo, mas uma formação deficiente ou incompleta é garantia de insucesso.

A única forma de termos jogadores com qualidade e, principalmente, de forma sustentada de geração em geração, passa por desenvolver um projeto de formação sólido, de base e de âmbito nacional. Esse trabalho passa claramente pelos clubes e pelas escolas de formações.

Resumindo, as escolas devem ser certificados em função da qualidade do trabalho realizado ao nível da formação e devem ser dados incentivos para proporcionar melhores condições aos seus atletas.


Por: Nilton Ravier Cesare

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