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quinta-feira, 12 de junho de 2014


A propósito do Mundial do Brasil (2014), lembrei-me de uma crónica que li de Daniel Sampaio, um cronista português, cujo título é: “O Natal não é todos os dias”. Nela, o autor, reflecte e nos desafia a fazer o mesmo. Pensar sobre essa importante época festiva e o valor do ritual para a união familiar. E, segundo o referido autor, há dois tipos de pessoas: aquelas que se tornam “boazinhas” e oferecem presentes (ou fazem “boas” acções) e há aquelas que defendem que o Natal, pura e simplesmente, é um momento do ano como outro qualquer e que não dão presentes a ninguém, porque defendem tê-lo feito ao longo do ano.

Sim! A copa não é todos os anos! Se fosse talvez perdesse a graça, e não aguardaríamos, tão ansiosamente, por esta boa “febre”. Pensando novamente na crónica de Daniel Sampaio, convém dizer, também, que em relação à copa do mundo há dois tipos de pessoas: aquelas que a “vivem” intensamente (reservam os bilhetes a “anos luz” do início, não vá o diabo tecê-las e não ter o “precious ticket”; adquirem todos, repito TODOS os artigos relacionados; coleccionam as “figurinhas”, enfim, OS ou AS “MUNDIALETES”) e há os que a copa passa por eles e ficam atordoados a querer decifrar o porquê de tanta gente vibrar com uma “simples” coisa chamada FUTEBOL.

E, por estes dias, cá em Cabo Verde, algo me tem chamado a atenção; a “rivalidade” que tem nascido para captar a atenção do “povo das ilhas” (e não estou a falar de Benfica-                -Porto, nem de Brasil-Argentina ou de nenhuma disputa desportiva). Falo sim deste clássico “Tesouro das Ilhas” versus Copa.
Nunca vi tamanha avalanche de gente (guentis ou djenti) a correr, literalmente, atrás das tampas de uma marca selo qualidade da nossa praça (sem intenção de publicidade) e verificar os cem números premiados! Estava acostumado sim a sentir e a ver os cabo-                       -verdianos e cabo-verdianas a conjugar o verbo SEGUIR a copa. Falando em verbos, falha-me a memória, e pergunto: por que é que a nossa selecção não ESTÁ no mundial?
Que venham todas as teses possíveis e todas teorias de conspiração! Alguém errou neste processo e, apesar dos “recursos” e da luta feita, “a FIFA não nos deu razão” (já dizia o “sábio”). E, como povo de brandos costumes, “puera baixá, nô calá quiet e tud fca como se nada tivesse acontecido”.
Valeu TUBAROAS e TUBARÕES (quebrar o machismo um pouco, ladies first)!
E o que será que o mundial do Brasil nos reserva? É a pergunta que não quer calar e é objecto de conversa: em cada esquina, nas avenidas maiores (as redes sociais), nos nossos cafés e shoppings (ou pelo menos NUM) deste nosso país. Quem vai ganhar? Haverá manifestações ou não durante a copa? Os estádios? A segurança? Os aeroportos? Os acessos? Perguntas feitas e, lá na terra do nosso MANDELA (para os menos avisados: falo da África do Sul), elas foram respondidas, à altura, o que deixou orgulhoso qualquer ser humano amante do “desporto rei” (e africano mais ainda). Houve: alegria, Shakira e waka wakas, sponsors, vuvuzelas, polvos à mistura, e no final – HALA Espanha!

Que venha tudo novamente (mas com um gostinho brasileiro): alegria, Shakira e La La Las, Fuleco, samba, magia e FUTEBOL! É isso que o povo quer (e cabo-verdiano “genuíno” não foge à regra)! Que venham os Neymares, os Messis, os Cristianos Ronaldos e companhia!

Cá, por estas dez ilhas perdidas no meio do mar, em meio à crise financeira e com aumento de tudo, inclusive as promessas (menos o salário), vamos aguardando este (outro) ÓPIO do povo. Vamos, também, consumindo outro analgésico para a alma: a ESPERANÇA. ACREDITAR que a sorte vai bater à porta em forma de tampinha (ou algo do género)! Se não bater, nô t corré atrás (do nosso jeito cabo-verdiano de ser)!

Que vença a melhor equipa! E que haja justiça no futebol (se é que ela existe, entenda--se, no futebol)!
De resto, vou procurando o meu “tesouro das ilhas” da única maneira que conheço: VIVENDO (amando, desamando, acreditando, desacreditando…)!
Levanto, firmemente, a voz e a bandeira do poeta de um “poema diferente para o povo das ilhas” e vibro por saber que a copa não é todos os anos.
Contudo, o viver é: todos os dias e todos os anos – até ao apito final!

Airton Ramos

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