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domingo, 8 de junho de 2014

Que o futebol é considerado o “desporto rei” isso todos nós sabemos. Aquele que movimenta uma multidão e, esse mar de gente, traz consigo paixão, alegria, raiva, medo – enfim, a essência de ser humano. Acabei por comprovar (essa “verdade”) na campanha da nossa selecção nacional antes e durante a CAN e o orgulho de ser cabo-verdiano (digo “tubarão”) ou cabo-verdiana (“tubaroa”).
No que tange ao futebol a nível regional e (sobretudo) nacional essa máxima se comprova. Digo nacional, pois segui com atenção a fase final do nosso futebol: as disputas de quem é o maior clube do nosso futebol (Sporting ou Mindelense: entende-se quem tem mais títulos?) e a rivalidade desportiva Fogo-São Vicente (ou vice-versa) que até então desconhecia.
A que até então era considerada a “ilha da morabeza” deixou de o ser. Alegadamente terá maltratado (ou tratado mal, entende-se os adeptos do Mindelense ou grande parte destes) a Académica do Fogo. Isso supostamente por um bairrismo “doentio” que, como um vulcão adormecido, terá entrado em erupção.
E fiquei à espera de ver o que iria acontecer na ilha do Fogo. Não com aquela curiosidade mórbida, mas sim com o desejo de que no Fogo seria “diferente”. Pelo menos isso seria a garantia dos dirigentes da Académica.
Uma primeira parte “morna” e sem o tão aguardado “Talaia Baixu” prometido pela equipa do Fogo. Uma expulsão no final da mesma para o xadrez foguense. Na segunda, os “famintos” (de golo) ficaram sem “Catchupa”.
E, mais lance menos lance, lá soou o apito final. Zero a zero (“como todo jogo começa” – já dizia o famoso sítio ou site desportivo).
Mas, para mim, o resultado, embora muito aguardado, não era a única coisa que importava. Há “vida” para além do resultado final.



Para mim, a finalíssima levantou questões que merecem ser reflectidas:
A primeira: não se pode conter a avalanche de sentimentos (medo, raiva, alegria, paixão – por ordem decrescente agora) da multidão, porém, se pode trabalhar mais o tão aclamado fair-play e apostar mais na educação do público e dos dirigentes.
A segunda: enaltecer o brio da equipa da Académica que, pela primeira vez, chegou à final do campeonato. Pela alegria vivida pelo povo do Fogo, e espelhada nos toques na bola do Presidente da Câmara Municipal de São Filipe no final do jogo no Estádio da Várzea aquando da (sofrida) vitória das meias-finais contra o Sporting da Praia. Há que enaltecer os sentimentos positivos – sempre!
A terceira: não há vontade de empresas (uma parceria público-privada quem sabe) e nem a determinação e um “expediente” para a cobertura de um evento desportivo “cabo- verdiano”? A nossa televisão que, orgulhosamente, irá transmitir a copa do mundo poderia abrir “as portas”, ou talvez uma “pequena janela” para que são vicentinos, foguenses, badius, (todos os) sampadjudos amantes do “desporto rei” aqui e na diáspora pudessem ver (repito ver) o jogo! Obrigado, neste caso, à nossa RCV.
No mais, parabéns à equipa do Mindelense que pelo segundo ano consecutivo conquista o título nacional. Parabéns à minha ilha e parabéns aos adeptos e dirigentes da equipa encarnada (desculpem-me, qualquer forma de bairrismo que não poderá ser entendido como “doentio”).
Para o ano há mais: alegria, medo, raiva, paixão (baralhado agora) do futebol nosso e de todos nós (não só daqueles que se sentam nas tribunas e pouco fazem pelo desporto nacional). Esta é uma outra questão para reflectir (quem sabe numa próxima oportunidade?). Abraço sincero.

Airton Ramos

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