Grande Entrevista com Valdir Reis
Dados pessoais:
Nome Completo: VALDIR Delgado REIS
Clube: Vilacondense
Posição: Oposto
Data de Nascimento: 06-04-1985
Nacionalidade: Cabo-verdiana
Valdir Reis é considerado, por muitos, um dos melhores
jogadores do voleibol cabo-verdiano da atualidade. Um dos maiores talentos que
Cabo Verde já viu nascer na modalidade e que já representou clubes tanto a
nível nacional como em Portugal e que já conta
com alguns títulos importantes no currículo, sobretudo a nível nacional.
Valdir aceitou conversar com o SEKA PELI INFO onde ele
abordou os diferentes temas da sua carreira (como por exemplo os clubes por
onde passou, os seus ídolos), sem esquecer da saída intempestiva do italiano
Luca Privitera do comando técnico da seleção nacional.
O mesmo adianta que ainda quer ir o mais longe
possível na carreira e “ser o mais
bem-sucedido possível tendo a certeza que nunca passei por cima de
ninguém para conseguir os meus objetivos”. No final não deixou de deixar
uma breve mensagem aos miúdos cabo-verdianos, e não só, que querem seguir
carreira a nível profissional em voleibol.
Confira os melhores
momentos…
Quando e como o Valdir começou no voleibol?
Comecei na escola secundária. Aos
15 anos tive aulas de voleibol pela primeira vez, e gostei. Jogamos um torneio
inter-turmas e a minha turma foi a vencedora. Um dia no decorrer de um treino
de voleibol no Polidesportivo Município de Oeiras em Monte Sossego entrei
e peguei numa bola e comecei a brincar com ela. O treinador (Heriberto Gomes)
veio ter comigo e convidou-me para começar a treinar. Foi mais ou menos assim
que tudo começou.
Depois do Benfica, Valdir já passou pelo Sporting de
Espinho, Vilacondense e Fonte Bastardo. De todos os clubes
mencionados, onde se sentiu melhor? Onde sentiu que realizou a melhor
temporada?
Eu nunca vou dizer que um clube é
melhor que o outro até porque foram experiências completamente diferentes, e
cada uma tem a sua particularidade.
O BENFICA abriu-me as portas para
este campeonato, e aprendi muito com uma equipa que luta sempre para o título e
que conta com excelentes jogadores. Costumo dizer que todos os jogadores deviam
ter a oportunidade de jogar numa equipa com aquelas infra-estruturas e aquelas
condições.
O VILACONDENSE, onde fui
emprestado no ano seguinte, foi muito importante para o meu crescimento como
atleta, deram-me espaço dentro do campo (coisa que acontecia pouco no Benfica)
e creio que aproveitei da melhor maneira.
O FONTE BASTARDO foi campeã no ano
anterior a minha ida para lá, e é sempre um orgulho para qualquer jogador quando
uma equipa é campeã e te chama para fazer parte do plantel. Fiz uma boa época,
foi muito importante porque joguei a taça CEV que é a segunda competição mais
importante da FIVB a nível europeu.
O SPORTING ESPINHO… bom, nesse
ano queria sair de Portugal, queria dar o salto para outro campeonato. Acabei
por ficar sem clube, nisto recebi uma proposta dos responsáveis do Espinho.
Felizmente porque é sempre bom jogar ao lado de um dos melhores jogadores de
todos os tempos da modalidade (Miguel Maia1) e pertencer a um clube
que me deu muito gozo em jogar.
Quando chegou a Portugal quais foram as suas maiores dificuldades?
Em cabo verde começa-se a jogar
muito tarde e não aprimoramos as técnicas. O voleibol é um jogo muito técnico onde
qualquer erro vale um ponto. Tive muitas dificuldades no primeiro ano que cheguei
como zona 4, mas não durei muito porque é mais difícil o serviço aqui e
tive que optar para a posição de oposto, onde jogo atualmente. Porque não
tinha que receber, todos os dias ficava mais de meia hora que os meus colegas a
treinar para aprimorar as técnicas de ataque e de bloco.
“não tenho nada contra [o novo selecionador], pelo contrário o considero um
amigo pessoal e admiro pelo trabalho que fez e continua a fazer no Paul, o
problema não está ultrapassado…”
Em 2006, representou Cabo Verde nos Jogos da Lusofonia em voleibol de
praia. Conta-nos como foi essa experiência.
Foi uma experiência espectacular,
foi a primeira vez que uma dupla saia para representar as cores de cabo verde
em voleibol de praia (espero não estar a equivocar-me) eu e o Heriberto Gomes
ficamos em 6º lugar entre 16 selecções, a frente de potências como Brasil e
Angola o que é sempre um motivo de orgulho.
Valdir foi um dos maiores críticos da Federação Cabo-verdiana de Voleibol
após a demissão do Luca Privitera. Na sua opinião qual a consequência da
saída do técnico italiano para o crescimento da modalidade no país?
Se a 6 anos atrás, altura em que
tivemos a primeira saída com a seleção sênior, alguém me dissesse que em 2014
iríamos estar a disputar uma qualificação para o campeonato do mundo em
masculino e feminino, eu rir-me-ia na cara da pessoa porque era impensável. Mas
em 2014 disputamos isso, tudo graças ao Luca.
O Luca é um dos melhores
treinadores que já tive na minha carreira, para ele não importava se o Valdir
vinha da liga portuguesa e o Guinda vinha de Santa Cruz. Para ele éramos todos
jogadores de elite e tínhamos que aguentar os treinos horas a fio e dar tudo pelo
conjunto. Com a sua demissão um trabalho de anos vai por água-abaixo, ou seja
um trabalho que terá de ser feito tudo de zero novamente. Dito isto espero que
as pessoas tirem as suas conclusões para não ser mal interpretado...
Segundo alguns órgãos de comunicação de Cabo Verde, por causa da
demissão do Luca Privitera, Valdir chegou inclusive
a ponderar declinar convites para integrar a convocatória do novo
selecionador. Esse problema já está ultrapassado ou não?
Quero aproveitar aqui para dizer
mais uma vez e espero que chegue ao selecionador que não tenho nada contra ele
(acho que ficou um mal entendido), pelo contrário o considero um amigo pessoal
e admiro pelo trabalho que fez e continua a fazer no Paul, o problema não está
ultrapassado e não quero aprofundar.
“(…)os meus ídolos são pessoas que lutaram ao meu lado…”
O que é que falta ao voleibol cabo-verdiano para poder se afirmar,
sobretudo a nível de Africa, seguindo a trajetória do futebol ou do próprio basquetebol?
Na minha opinião é preciso
trabalho de base, escolas de mini voleibol, com competições desde esta faixa
etária, temos de "arrumar a casa", a nível de África já mostramos
muito, mas acho que a nível interno é preciso muito trabalho...
Quem são seus ídolos e quem o inspira?
Desde que iniciei no desporto os
meus ídolos são pessoas que lutaram ao meu lado, o meu primeiro ídolo foi o
Heriberto Gomes, depois vieram pessoas como Zé Anguila do basquetebol e o Didi
do Andebol. Quando vim para Portugal aumentou o meu leque de ídolos, Roberto
Purificação, Samuels, Fábio Jardel, Pedro Rosas, Caíque Silva, Manuel Silva,
Miguel Maia, Flávio Cruz, Hugo Ribeiro e sempre a aumentar
“(…)quero ir o mais longe possível na minha carreira e ser o mais
bem-sucedido possível tendo a certeza que nunca passei por cima de
ninguém para conseguir os meus objetivos.”
Quais os seus próximos passos? Onde sonha chegar?
Quero terminar em grande a época
que agora iniciou, e dar um salto para outro campeonato.
Qual a sua Filosofia de Vida?
É uma pergunta complicada que
tentarei responder da seguinte forma: quero ir o mais longe possível na minha
carreira e ser o mais bem-sucedido possível tendo a certeza que nunca
passei por cima de ninguém para conseguir os meus objetivos.
Quais os seus planos para quando terminar a carreira?
Terminar os estudos, ganhar
experiência como treinador e um dia voltar para Cabo Verde com uma boa bagagem
para transmitir a experiência que tenho adquirido ao longo dos anos.
Qual a mensagem que gostaria de deixar aos miúdos cabo-verdianos que querem
seguir carreira a nível profissional em voleibol?
R: O que eu digo aos mais jovens
é que sonhem o mais alto que conseguirem, e depois corram atrás dos seus sonhos
e quando alcançarem esses sonhos saberão que tudo depende deles e da sua força
de vontade. Depois é continuar e sonhar ainda mais alto.
SEKA PELI INFO: Obrigado pela conversa e que a tua caminhada continue sendo
construída na base de sucessos. Obrigado pelo empenho e pela
disponibilidade.
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